Conheça a história inspiradora de Eduarda Garcia, advogada que pretende a partir do Direito concretizar justiça e equidade
A advocacia como instrumento de transformação
Com apenas 28 anos, Eduarda Garcia é uma advogada que traz uma perspectiva única para a área do Direito Criminal e Antidiscriminatório. Nascida em Pelotas, Rio Grande do Sul, Eduarda encontrou inspiração em mulheres incríveis ao longo de sua vida. Sua avó, Oscarina dos Santos Garcia, e sua mãe, Clara Cecília Martinez Botelho, foram fontes de força e coragem.
Além disso, Eduarda se inspira em figuras históricas como Esperança Garcia, a primeira advogada negra do Brasil, e em intelectuais contemporâneas, como Lélia Gonzalez, Neusa Santos, Sueli Carneiro e Winnie Bueno. Já no contexto mundial, a advogada admira figuras como a ativista Angela Davis, a jurista Michelle Alexander, entre outras.
A jornada rumo à justiça
O sonho de ser advogada não surgiu na infância ou adolescência de Eduarda. Ela é a primeira em sua família a seguir uma carreira jurídica. No entanto, sua visão de construir um mundo mais justo e combater as injustiças que a cercavam foi o que a impulsionou.
Durante o início de seus estudos na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Eduarda se envolveu com o grupo 10 (G10) do Serviço de Assessoria Jurídica, no qual prestava assistência gratuita a adolescentes criminalizados, principalmente jovens negros de comunidades periféricas. Foi nesse momento que ela encontrou sentido na prática da advocacia.
O primeiro passo na carreira jurídica
O primeiro trabalho de Eduarda no campo do Direito foi como assistente jurídica voluntária no Serviço de Assessoria Jurídica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que existe desde 1950. Essa experiência permitiu que ela desenvolvesse habilidades essenciais e tivesse um contato direto com a elaboração de defesas criminais e processo penal.
O chamado para o Direito Criminal
Além de sua participação no G10, Eduarda integrou o Grupo de Intervenção em Matéria Penal (GEIP), também do Serviço de Assessoria Jurídica. Nesse grupo, ela prestou assistência jurídica a adultos envolvidos em processos criminais ou cumprindo penas no sistema penitenciário.
A advogada também foi bolsista do Programa “Des’medida – Por um Acompanhar na Rede”, uma iniciativa interdisciplinar que buscava a desinstitucionalização dos Manicômios Judiciários. Essas experiências solidificaram seu interesse pelo Direito Criminal e pela defesa dos direitos daqueles que são alvos preferenciais do Sistema Penal.
A formação e os desafios iniciais da advogada Eduarda Garcia
Eduarda concluiu sua primeira graduação, em Ciências Jurídicas e Sociais, na UFRGS aos 27 anos. No início de sua carreira, ela enfrentou o desafio de encontrar referências de advogadas negras na área criminal que compartilhassem sua visão de sociedade e compreendessem as vivências das pessoas diretamente afetadas pelo Sistema de Justiça Criminal.
Propósito pessoal e profissional
Para Eduarda, a advocacia é uma combinação de excelência técnica e experiência prática que visa garantir o acesso à Justiça a seus clientes, alcançando resultados significativos tanto ao nível individual quanto coletivo.
Do mesmo modo, ela acredita que o aperfeiçoamento constante e o estudo são essenciais em um mundo jurídico em constante transformação. “Do ponto de vista pessoal, a busca por equilíbrio entre corpo, mente e espírito são fundamentais, cuidando de si mesmo, mas também da sua comunidade ao redor”, destaca Eduarda.
Avanços no Direito Criminal e Antidiscriminatório
Eduarda anseia por melhorias no sistema penal e processual penal, reivindicando um sistema verdadeiramente acusatório que respeite as garantias constitucionais e os direitos daqueles que são abordados, investigados ou processados pelo Estado.
Nesse sentido, a advogada também busca combater a seletividade penal, que frequentemente impacta homens negros, moradores de periferias e com baixa escolaridade. No campo do direito antidiscriminatório, Eduarda busca o reconhecimento e a prevenção do preconceito e da discriminação, responsabilizando aqueles que os praticam, buscando reparações para as vítimas.
Como a advogada Eduarda Garcia se atualiza e se prepara
Eduarda se mantém atualizada sobre as novidades e tendências do Direito por meio de sua associação a entidades de classe, como a ABRACRIM e o IBCCRIM, e sua participação em núcleos de pesquisa relacionados às suas áreas de atuação. Para as audiências e processos judiciais, ela investe tempo em estudo aprofundado de doutrinas e jurisprudências relevantes, além de colaborar com colegas especializados em diferentes áreas do Direito Criminal.
Referências e inspirações na advocacia
Já quando o assunto é referências, Eduarda encontra inspiração em mulheres negras advogadas de todas as áreas do Direito, assim como em profissionais comprometidos com o estudo, a ética e as mudanças estruturais. Ela também admira aqueles que trabalham para criar um mercado jurídico mais igualitário e diversificado, refletindo a real composição da sociedade brasileira, majoritariamente negra e feminina.
Enfrentando o conflito e a pressão
No dia a dia da advocacia criminal, Eduarda lida com grandes responsabilidades e expectativas de quem a procura. Para lidar com situações de conflito, estresse e pressão, ela estabelece relações próximas e duradouras com seus clientes, buscando resolver os conflitos de forma humana e técnica. “A confiança, o respeito e a transparência são princípios que auxiliam na resolução de conflitos, propondo soluções adequadas, realistas e assertivas nos casos”, pontua Eduarda.
O conselho de Eduarda para jovens advogadas negras
Eduarda encoraja as meninas negras que sonham ingressar no mundo do Direito – ainda pouco diverso e igualitário – a persistirem e se dedicarem. “Digo que sigam. Sigam mapeando oportunidades. Sigam estudando. Sigam fortalecendo vínculos fortes e duradouros com os profissionais que admiram. Sigam sendo interessadas, profundamente curiosas, comprometidas com o seu trabalho, com a sua reputação e, sobretudo, na advocacia, comprometida com os seus clientes”, ressalta a advogada.
Planos e metas para o futuro
Ao olhar para o futuro, Eduarda tem planos ambiciosos para sua carreira. Seu objetivo é tornar seu escritório uma referência em advocacia criminal, contribuindo para mudanças concretas no mundo jurídico e social. Ela está determinada a promover transformações que beneficiem todas as pessoas, buscando um sistema mais justo e igualitário para as próximas gerações.